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DISCURSO DE POSSE DE MAURÍCIO SAMPAIO NA ABMR&A
GESTÃO 2006 / 2007
05/12/2005 - FIESP
Maurício Sampaio em discurso de posse na ABMR&A - Gestão 2006/2007 |
É uma honra falar aqui hoje como novo presidente empossado da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio. A razão deste orgulho é o reconhecimento do papel decisivo que esta Associação representa na evolução do agronegócio brasileiro.
Nada melhor, neste momento, que relembrar rapidamente com vocês alguns fatos que, nestes 26 anos de história da ABMR&A, contribuíram para esta evolução.
A ABMR&A nasceu em 1979 do pioneirismo de um grupo de executivos que se reuniam informalmente para trocar idéias sobre as questões do marketing da agricultura brasileira. Buscando sempre formas criativas de promover o marketing rural, discutindo e avaliando soluções diferentes para problemas comuns, eles deram uma clara demonstração do espírito de associativismo e empreendedorismo que move o nosso setor. O próprio conceito de agribusiness, criado em 1957 nos Estados Unidos, foi traduzido para a realidade brasileira por um destes saudosos pioneiros, o grande Ney Bittencourt e sua equipe. Surgia ali a idéia de agronegócio ou de complexo agroindustrial no Brasil, causando uma enorme repercussão nos meios empresarial e acadêmico. A tradução deste conceito vem nos ajudando até hoje a entender e estudar melhor o funcionamento e a coordenação das diversas cadeias produtivas.
Uma nova dinâmica passou a conduzir o setor. Nela, podíamos perceber melhor a interação entre Governo, instituições de pesquisa e desenvolvimento, indústria fornecedora de insumos, bens e serviços, produtores e cooperativas, distribuidores, agroindústria e mídia. E assim descobrimos que quanto mais intensas estas relações, mais rápidas as respostas aos desejos dos consumidores.
No início dos anos 80, com o fim do dirigismo estatal, a drástica redução da oferta de crédito a juros subsidiados para a agricultura , o início das privatizações, a extinção das autarquias estatais e a inflação fora de controle, o agronegócio passou por inúmeras dificuldades. Mas sobrevivemos. E livres de tantas regulamentações e práticas protecionistas, focados nos nossos problemas e desafios específicos, passamos a ser muito mais competitivos.
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Café da manhã - Posse |
Mauricio Sampaio (gestão 2006-2007) e José Luiz Tejon Megido (gestão 2004-2005) sendo cumprimentado por Paulo Skaf – Presidente da FIESP |
A continuidade do melhoramento genético, o impulso gerado pela pesquisa agropecuária, as campanhas de orientação sobre insumos e bens de produção, o crescimento do uso de técnicas de manejo adequado do solo, a exemplo do plantio direto, criaram o biente ideal para os novos desafios do agronegócio brasileiro.
Nesta época, a ABMR&A, ainda conhecida como ABMR, já se firmava como a grande entidade do marketing rural no país. Promovendo importantes eventos do setor como os congressos de marketing rural, a mostra de propaganda, os seminários de avaliação de safra e o dia da mídia do agronegócio, a ABMR&A consolidou-se, mostrou ser uma entidade diferenciada onde a saudável troca de informações beneficiava os diversos segmentos do agronegócio. A dedicação contagiante dos diretores e conselheiros da ABMR&A nesta época contribuiu muito para que, a partir dos anos 90, viesse a fase de melhores resultados do agronegócio.
Chegamos à era da globalização. Apesar das barreiras protecionistas da maior parte dos países desenvolvidos, a competitividade e o grande potencial do agronegócio no Brasil passaram a ser reconhecidos definitivamente no cenário mundial. Percebendo este potencial, empresas globalizadas elevaram o fluxo de investimento externo no agronegócio brasileiro nos anos 90. Esta consolidação aconteceu em todos os elos das cadeias produtivas. Intensificou-se o processo de fusões e aquisições nas áreas de biotecnologia, sementes, defensivos, fertilizantes, tratores, colheitadeiras, redes e canais de distribuição. Os agricultores e as cooperativas também responderam rapidamente às mudanças. Muitos, movidos pelas urgentes e inúmeras necessidades de infra-estrutura logística, tornaram-se grandes empreendedores. Os excelentes ganhos da produtividade agropecuária neste período geraram superávits espetaculares para o país: uma contribuição decisiva para a estabilização econômica. A ponto de economistas considerarem o agronegócio um componente chave no sucesso inicial do plano real - a chamada âncora verde. Os índices de crescimento mundial elevados possibilitaram novas oportunidades de consumo de produtos brasileiros. A diversidade e a complexidade aumentaram no agronegócio.
Fiel à sua vocação inovadora, a ABMR&A prosseguiu na coordenação de grandes pesquisas sobre os hábitos de mídia e perfil comportamental dos agropecuaristas. Estas pesquisas, de grande credibilidade no setor, tornaram-se instrumento fundamental para os profissionais de marketing avaliarem as melhores formas de comunicação com seus clientes: uma excelente ferramenta para orientar a alocação de recursos no mix da comunicação. A ABMR&A seguia incentivando ações de qualidade e promovendo a redução de custos através do rateio das despesas das demandas comuns aos associados. A Associação também colocou à disposição do público em geral, através de boletins periódicos e apresentações, dados agregados e históricos comparativos das pesquisas, gerando um serviço de grande valor para a comunidade.
Chegamos à virada do século. A safra de grãos ultrapassou 100 milhões de toneladas. A partir de 2002 passamos a ter o maior superávit do agronegócio do mundo. Em 2004 representamos 33% do PIB, 42% das exportações totais e geramos 37% dos empregos brasileiros. Fomos líderes mundiais nas exportações do complexo soja, avicultura, carne bovina, álcool, tabaco, açúcar, suco de laranja concentrado e celulose. Diversificamos também a produção agrícola e atualmente estamos abrindo importantes mercados como os de algodão, frutas e carne suína.
A comunicação também avançou. Várias iniciativas de divulgação dos produtos do agronegócio brasileiro são promovidas hoje no país e no exterior pelo Governo e por diferentes associações. As exigências aumentaram: os negócios estão cada vez mais submetidos a padrões internacionais de qualidade, rastreabilidade, agregação de valor, responsabilidade social e ambiental e ao crescimento sustentável.
Atenta a esta nova realidade econômica, a gestão anterior da ABMR&A decidiu pela alteração dos estatutos da Associação. Foi agregada aos seus objetivos a missão de realizar estratégias e ações para a difusão e promoção do marketing do agronegócio em todas as suas etapas: antes, dentro e fora da porteira. A antiga ABMR tornou-se ABMR&A de hoje.
Na gestão passada, tive o privilégio de conviver com pessoas que passei a admirar mais. Elas me fizeram ver que a motivação e mesmo o amor pelo trabalho associativo é o que realmente fazem a diferença quando estamos à frente de uma entidade como esta. Fiquei muito lisonjeado quando fui convidado por José Luiz Tejon para ser o novo presidente da ABMR&A . O carinho especial e o incentivo por parte da antiga diretoria também me motivaram a aceitar este desafio. Felizmente, tenho ao meu lado, profissionais de altíssimo nível para me ajudar nesta tarefa.
Então, vamos finalmente falar de futuro. Temos um plano de trabalho no sentido de dar continuidade e aprimorar as ações e eventos estabelecidos com sucesso nas gestões anteriores da Associação. Vamos atuar no sentido de fortalecer, por exemplo, os comitês de trabalho onde temas de relevância são discutidos por associados e convidados do setor, orientando a nossa atuação. Vamos investir na prospecção de novos associados, inclusive no importante segmento dos canais de distribuição, afinal faz parte da nossa missão repassar todo este conhecimento acumulado, assim como as melhores práticas e ferramentas de marketing para este segmento. Buscaremos também estabelecer a ABMR&A como qualificadora para o mercado de trabalho de estudantes recém-formados criando um importante elo entre as universidades e as empresas do setor. Partindo de uma pesquisa qualitativa, vamos ampliar a gama de serviços oferecidos aos associados e aumentar nossa sinergia com eles.
Estamos ganhando um reforço muito especial no conselho consultivo da ABMR&A na pessoa do experiente publicitário Geraldo Alonso. Em conjunto, vamos elaborar o plano do pós-porteira que pretende aumentar a participação da indústria de alimentos e supermercados em nossa Associação.
Enfim, estas são algumas das nossas propostas que serão colocadas em prática nestes próximos 2 anos. A ABMR&A está sempre aberta a novas idéias e conta com o apoio de todos vocês aqui presentes para continuar seu trabalho de fortalecer o agronegócio brasileiro.
Infelizmente, não posso encerrar esta fala sem observar que em 2005 vivemos novamente momentos difíceis para o agronegócio: uma política econômica desfavorável com juros altos e câmbio baixo somou-se à quebra de safra de grãos e à queda de renda agrícola. E as previsões não são muito otimistas para 2006, principalmente sem as fundamentais mudanças na estratégia econômica. Mas quero lembrar também, e a nossa própria história nos mostra, que é nestes momentos que podem acontecer as grandes viradas. Então, eu convido todos à mobilização e ao debate firme dos caminhos que queremos para o agronegócio neste país. Repito: a ABMR&A está aberta a vocês e quer ser o veículo destes debates e desta mobilização.
Para encerrar, quero agradecer imensamente aos que vieram antes de nós, principalmente à gestão anterior. Espero que nós também possamos deixar um belo caminho aos que virão. Obrigado Tejon, Teresa, José Roberto, Milton, Tommasi, Max, Daher, Marcelo, Maria Fernanda, Michel, Centeno, Fátima, Marco... Obrigado à Vanda e à Renata da administração da ABMR&A. Nosso muito obrigado ainda a cada diretor e conselheiro que desde 1979 vem abraçando esta luta.
Uma vez eu li uma frase num muro que eu nunca me esqueci e que quero colocar sobre a minha mesa lá na ABMR&A: "A melhor forma de prever o futuro é inventá-lo." Eu quero terminar dizendo a todos aqui que contem com a minha vontade, a minha força, a minha determinação de inventar um grande futuro para nós e para o nosso país. Obrigado.
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